sábado, 26 de novembro de 2011

Dormir (*Overtrip)

Primavera, verão
São quatro as estações
Outono, inverno
Qual delas a melhor?
Sol, calor
Praia, areia, mar, esteira
Chuva, frio
Abrigo, capote, guarda-chuva
Lar, aconchego
Nessa cama tão quentinha
Durmo, adormeço


Wagner Marim – 20/11/2011

*Overtrip é criação de Celso Corrêa de Freitas

domingo, 20 de novembro de 2011

O que vês?

O que vês?
Não são outros olhos que te olham
São os meus olhos quem te olham
Olham com um gosto de indagação e quietude
Com momentos de espanto outros de ternura
Até coloco minha mão para cobrir o rosto. Mas não adianta.
Eles ainda continuam lá. Na cavidade orbital.
Não tem por onde escapar.
Pois lá é o lugar deles.
Meus olhos veem através da mão
Porque ela não trava minha visão
Minha mão só esta ali por que é ali que agora precisava estar.
Ela nada tem a ver com que vejo
Pois minha visão está em meus sentidos e em meus pensamentos
Não se espante!
O espanto é a surpresa do inesperado.
E de ti nada espero. Nem arrependimento nem ilusão e tampouco perdão
Tu não vês que finjo que te olho por entre os dedos de minha mão
Mas escondo com minhas mãos os olhos com que gostaria de te ver?
Tu não vês?

Wagner Marim - 19/11/2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

É TARDE – (OVERTRIP*)

É tarde
Arrumo meus últimos pertences
Preencho devagar
A mala que assiste
Quieta, emudecida
O meu jeito simples
Inocente, trivial
No instante que envelheço
No desespero
E na espera finita:
Meu desejo

Wagner Marim-03/11/11

*Overtrip é criação de Celso Corrêa de Freitas
(Diretor da Casa do Poeta Brasileiro da Praia Grande)


O QUE É OVERTRIP?

 

O que é “OVERTRIP?”
O = ONZE LINHAS NA ESTRUTURA DO POEMA
VER = VERSOS LIVRES OU NÃO.
TRI = TRINTA E DUAS PALAVRAS
P = PENSAMENTO CONCRETO
As 32 palavras são distribuídas entre os 11 versos.

Ex: 2 palavras no 1º Verso
4 palavras no 2º Verso
E assim sucessivamente na seqüência ou alternadamente até que se chegue a 11ª Linha de versos.
Veja um exemplo, nesta pretensa nova modalidade de se fazer um poema.

INOCENTE

Corra porra
A polícia vem ai
Tem cheiro
De pólvora no ar
Um inocente
Espera o rabecão chegar
Tombou reto
Morreu sem poder reclamar
Chora família
Quem matou por certo
Conhece Brasília.

*Overtrip é criação de Celso Corrêa de Freitas
(Diretor da Casa do Poeta Brasileiro da Praia Grande)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Haicai XXXV



 vidigal, rocinha
sem choro nem tiro e vela
bom enquanto dura!

Wagner Marim – 12/11/2011

Variações do Fibhaiku

Texto de: Mardilê Friedrich Fabre
Meu intuito é divulgar o fib e suas variações. Tenho lido alguns poemas que me parecem uma tentativa de fib. Então, por sentir que esta forma está despertando curiosidade, organizei e publico este texto.

Para mim, poesia é criatividade, e muitas regras tolhem a imaginação. Cuido da métrica, mas com “certa liberdade”, daí também, como a poetisa Nilza Azzi, por meio de quem entrei em contato com o fib e suas variações, ter-me identificado com eles.

A poetisa Nilza Azzi vem praticando o fibhaiku (fib) desde 2008. Trocou informações a respeito com o poeta Ronaldo Rhusso, que já conhecia o fib da Flórida. Segundo ele, o fib faz parte de uma linguagem de rua, envolvendo palavras e numerais. Mesmo Ronaldo Rhusso afirmando que essa forma não "pegou", ela adotou a prática do poema e insistiu nela, porque lhe agradava muito e permitia recursos de expressão visual e simbólica, além da possibilidade de síntese. Por referência obtida nas pesquisas e por intuição, começou a “brincar” com algumas variações desse tipo de poema, embora Ronaldo Rhusso insista em que o fib não admite duplicação. Para ele, seria preferível que o conhecimento da forma tradicional se firmasse a fim de evitar deturpações. Se as variações forem uma tendência, isso se revelará com o tempo.

Recentemente, no Recanto das Letras foram criados tópicos sobre o fib e suas variantes, as quais receberam denominações.
Eis exemplos dessas variações:
1) Fib refletido
Desenvolve-se o fib principal (1,1,2,3,5,8,) em dueto ou refletido pelo próprio poeta (8,5,3,2,1,1). Este tipo de fib pode ser intitulado.

Escrevo poemas

Não
sou
poeta.
Só declino
emoções que brotam.
Verto minh´alma no papel.
Ouso fazer versos rimados.
Minhas fantasias
perpetuadas
no tempo
frágeis
voam.

Mardilê Friedrich Fabre

2) Fib estendido
Tradicionalmente, esta é a única possibilidade de aumentar o fib, pois este poema segue a sequência infinita de Fibonacci (1,,1,2,3,5,8,13,21...). As demais formas são expementais. Aqui o título é o primeiro verso.

Cai
Chuva
Cai chuva
Sem parar
Já sei a lição
Nunca mais peço pra chover
Que medo de ser levada por essa enxurrada...
Se eu não fosse paulistana não saberia o que fazer para escapulir!

Nilza Azzi
3) Fib piramidal
Segundo Nilza Azzi, “esta forma permite que se continue um tema, construindo uma pirâmide de fibs. Tantas quantas se desejar”. Pode-se dar título.
Agora somos um

Dois
Olhos
Acolhem-se.
Sem demora,
Sentem o calor,
Corpos entregue à paixão.

Dois
Corpos
Caminham,
Buscam vida,
Juntos para sempre.
Entoam o hino do amor.

Nós
Somos
Uma alma.
Impossível
A separação.
Os corações estão unidos.

Mardilê Friedrich Fabre

4) Fibhaicai
Este tipo do fib é composto por um hacai e um fib, respeitando-se a métrica característica de cada um( haicai: 5-7-5 e fib: 1,1,2,3,5,8 sílabas poéticas). Os dois devem manter vínculo quanto ao tema.

Renascimento

Corre o regato.
Suas translúcidas águas
refrescam o mato.

Verdes
árvores
vicejam,
reanimam-se.
Festejam a vida.
Com energia reflorescem.

Mardilê Friedrich Fabre

5) Fib invertido
Em forma de ampulheta, seguindo a métrica: 8,5,3,2,1,1,1,1,3,5,8. É o fib refletido ao contrário. Pode-se atribuir-lhe um título.

SUPERAÇÃO

Recomeçar assim do zero
sobra desespero
as carências
são tantas
bem
mais
do
que
nós outros
poderemos
suprir a contento
mas por ti juntamos as forças

Nilza Azzi

6) Fibgrama
É um fib com as normas do tautograma (poema em que todas as palavras começam com a mesma letra). Segue as normas do fib: o título é o primeiro verso.


Pulga
pula
passeia
pela pele
peço paciência:
praga! Preciso pulverizar...

Nilza Azzi

Créditos para Mardilê Friedrich Fabre

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Fibhaiku: O que é?

O fibhaiku (nome formado de Fibonnaci + Haiku) é um poema minimalista da família do haicai. Este tipo de poema, que eu saiba, no Brasil, ainda é quase desconhecido. Atribui-se sua criação ao poeta John Frederick Nims em 1974.
O fibhaiku, experimental na poesia ocidental, conta uma história rápida, pequena, concisa... é um "soco"! Desse fato originou-se como gíria nos guetos de algumas cidades dos EUA o termo fib para designar "soco".
Este texto é o resultado de pesquisas na Internet, de troca de e-mails com os escritores Nilza Azzi e Ronaldo Rhusso e de comentários deste último em fibhaikus, no fórum do Recanto das Letras.

Algumas normas para redigir um fibhaiku (fib):
• não possui numeração, pois o título é obrigatório e faz parte do poema;
• tem 20 sílabas poéticas, que incluem o título, o qual entra na contagem de versos como o primeiro;
• o segundo verso deve ser um dissílabo paroxítono, porque deve ter apenas um som, sendo assim um dissílabo oxítono não cabe nesse verso, pois ele ficaria com dois sons;
• a contagem de sílabas poéticas dos versos segue a sequência de Fibonacci (1,1,2,3,5,8,13...): cada verso tem o número de sílabas poéticas, que é a soma das dos dois versos anteriores: título, que é o 1º verso, uma sílaba poética ; 2º verso, 1 (considerando-se que antes do 1º verso, o número de sílabas é zero); 3º verso (soma das sílabas do título (1º verso) com as do 2º verso), 2; 4º verso, 3; 5º verso, 5, 6º verso, 8...) em uma sequência infinita;

• não aceita duetos (é uma sequência infinita);
• nele pode-se expressar o subjetivo: sentimentos, emoções, estado de alma;
• sua estrutura é rígida;
• está associado ao OuLiPo.

Como foram citados nomes ligados à matemática, fazem-se necessárias algumas explicações:
1) Fibonnaci - Leonardo Pisano ou Leonardo de Pisa (1175-1250) nasceu em Pisa (Itália). Depois de sua morte, ficou conhecido como Fibonacci (filho de Bonacci). É considerado o mais talentoso matemático da Idade Média.

Esse matemático italiano ficou conhecido por ter criado os Números de Fibonacci e por ter introduzido na Europa o moderno sistema decimal posicional arábico, ideal para escrever e manipular números (algarismos). Se hoje usamos os dígitos de 0 a 9 e os alinhamos da direita para a esquerda para indicar quantidades cada vez maiores, devemos isso à divulgação feita por Fibonacci.
A sequência de Fibonacci consiste em uma sequência de números, de modo que, definindo os dois primeiros números da sequência como sendo 0 e 1, os números seguintes são obtidos pela soma dos seus dois antecessores.

Portanto, os números são: 0,1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,144,233,...
Recentemente, a sequência de Fibonacci tornou-se um tema célebre da cultura popular ao ser citada no livro e filme O Código Da Vinci.

2) O OuLiPo (Ouvroir de Littérature Potentiel), algo semelhante a uma oficina de literatura em potencial, é uma corrente literária formada por escritores e matemáticos, que propõem a libertação da literatura, aparentemente de modo paradoxal, mediante "constrangimentos literários". Trata-se de exercícios que, partindo de uma norma pré-estabelecida, em vez de limitar, favorecem a imaginação e estimulam a produção textual.
Esse movimento surgiu na França, em 1960, e tem entre seus principais autores Raymond Queneau, François Le Lionnais, Georges Perec e Italo Calvino.

Marcel Bénabou e Jacques Roubaud, integrantes do Oulipo, no artigo intitulado O que é o OuLiPo?, dizem que "é a literatura em quantidade ilimitada, potencialmente produzível até o fim dos tempos, em grande quantidade, infinita para todos os usos". Como exemplos das regas propostas para suas produções literárias estão: escrever um romance inteiro, utilizando uma só vogal (Les revenentes, de Georges Perec), utilizar ao máximo a linguagem oral (Zazie no Metrô, de Raymond Queneau), entre outras restrições.
Seguem um exemplo de fibhaiku.

1.


Um
Fulgor
Nesse olhar

Que muito me agrada...
Ele é o espelho d'alma mais linda!

Ronaldo Rhusso


Créditos para:Mardilê Friedrich Fabre

Prece - Fibhaiku

Prece
Cresce
Madura,
Sem alarde.
Sustentável fé
Que num embalo metafísico
Comungará sentimento tido inquebrantável.
Wagner Marim 04/11/2011
Fib extendido

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Hoje - Fibhaiku

Hoje
Tenho
Saudade
Permanente.
Companheira viva.
Lembranças colhidas sem pressa,
No redemoinho das descomedidas paixões.
Wagner Marim-03/11/2011
Fib Extendido